Artigo de Dani Venâncio, especialista em gestão de salões de beleza, explora mudanças trazidas pelas redes sociais na evolução da representatividade feminina do mercado
Em 2015 tive uma mudança de perspectiva de vida, comecei a me interessar por ensinar outros gestores de salão de beleza. Isso foi há 10 anos e era nítido como os gigantes do mercado eram praticamente todos homens, não se viam mulheres ocupando espaços como embaixadoras de grandes marcas ou mentoras da área. É fato que evoluímos na última década, mas nem todas as batalhas estão vencidas: há poucas semanas um dos maiores eventos da américa latina para profissionais da beleza divulgou seus palestrantes. Dos 25 profissionais, apenas 3 são mulheres.
Muito antes de trabalhar na formação de outros profissionais, eu estudava o ramo. Abri meu primeiro salão em 1999, ao lado do meu marido, Renato Fuss e investi pesado em conhecimento. Hoje sou doutora em administração pela Universidade Federal de Santa Catarina e recebi 15 anos de mentoria da doutora em filosofia Dulce Magalhães, que foi uma grande inspiração na minha jornada.
Apesar de toda minha bagagem acadêmica e experiência no setor, foi a internet que realmente transformou minha vida. Ao dizer isso, não estou minimizando a importância da formação acadêmica – pelo contrário. A formação que desenvolvi é essencial para tudo que aplico hoje e ensino para outros empreendedores. O que aconteceu aqui foi uma mudança radical no cenário para nós, mulheres empresárias.
A força de trabalho nos salões de beleza sempre foi majoritariamente feminina, em torno de 70% do mercado é dominado pelas mulheres. Entretanto, quem dominava e selecionava os “melhores” da área, era a indústria consolidada. Hoje, graças às redes sociais, houve uma evolução. Se você faz um bom trabalho, se comunica bem e constrói uma comunidade forte, você pode ocupar esse lugar de destaque.
Foi por meio de canais como Instagram, TikTok e YouTube que encontrei minha voz, minha galera e meu público. Se eu dependesse da indústria, jamais teria levado informação de qualidade para tantas pessoas. Atualmente, 84% do meu público é feminino, e eu sinto que posso me conectar profundamente com essas mulheres. Sei bem o que é ser mãe, empresária e empreendedora ao mesmo tempo. Montei meu salão com filhos pequenos e vivi na pele os desafios que muitas mulheres enfrentam diariamente.
Temos que reconhecer que ainda existem barreiras, mas precisamos entender a evolução feita até aqui e encontrar formas de lutar pelo nosso espaço. Uma profissional de beleza qualificada pode construir seu nicho e impulsionar seu trabalho com as redes sociais. Essa mudança no panorama dos salões deu autoridade e reconhecimento a muitas mulheres. E eu me sinto feliz por ser uma delas!